sábado, julho 07, 2007

Frei Bernardo de Vasconcelos

Foi na Casa do Marvão, na freguesia de São Romão do Corgo, concelho de Celorico de Basto que, a 7 de Julho de 1902, nasceu Frei Bernardo de Vasconcelos, parente dos Marvões, família que, durante vários séculos, habitou aquela casa.
Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos era filho do Doutor Manuel Joaquim da Cunha Maia Teixeira de Vasconcelos, senhor da Casa do Marvão e, naquela altura, Delegado da Procuradoria Régia em Cabeceiras de Basto e de D. Filomena da Conceição Vaz Lobo, da Casa do Outeiro, em Molares.
Foi batizado no dia 5 de Agosto de 1902 pelo pároco Francisco de Almeida Barreto na igreja de São Romão, tendo sido seus padrinhos Manuel António de Sousa Machado, seu parente, da Casa do Bairro, em Canedo de Basto, e sua tia-avó D. Maria Isabel Teixeira de Vasconcelos, senhora da Casa do Fijô, em Felgueiras e da Casa do Barreiro, em Canedo de Basto.
Em 15 de outubro de 1912, foi estudar para o Colégio de Lamego tendo frequentado até março de 1917, altura em que uma grave e longa doença o forçaram a interromper os estudos. Retomou-os em outubro de 1918, como aluno externo do colégio de S. Pedro em Coimbra, onde concluiu o 7º ano de Ciências.
Em 1920 entrou para o Centro Académico da Democracia Cristã. Dissuadido, por motivo de saúde, de enveredar pela Marinha, ainda pensou na carreira diplomática, mas em outubro desse mesmo ano iniciou no Porto um curso comercial e trabalhou no Banco Espirito Santo. Mas porque não se deu bem com o mundo das contas, Bernardo decidiu em 1922 matricular-se no primeiro ano de Direito da Universidade de Coimbra, que veio a interromper para ingressar na Ordem Beneditina, onde teve uma intensa atividade apostólica e caritativa, tendo sido vice-presidente do C.A.C.D. (Centro Académico de Democracia Cristã), secretário da redação da revista “Estudos” e membro das Conferências de São Vicente de Paulo.
Por esta altura, trocou correspondência com Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, mais conhecido por Teixeira de Pascoais, poeta amarantino que era seu parente e amigo. Nunca se encontraram, mas tinham uma grande admiração e estima um pelo outro. Teixeira de Pascoais diria, em carta a uma sua irmã, que Frei Bernardo de Vasconcelos foi o “maior e mais perfeito amigo que Deus me concedeu”.
Frei Bernardo de Vasconcelos foi herdeiro, juntamente com sua irmã D. Maria Bárbara Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos, da Casa de Valdesculca que, anos mais tarde, foi vendida.

Em 16 de agosto de 1924, entrou no mosteiro de Singeverga, e no mês seguinte iniciou em Samos, diocese de Lugo em Espanha, os estudos em ordem ao sacerdócio, com o nome de Frei Bernardo da Anunciada. A fim de estudar Teologia, em setembro de 1926 partiu para a Abadia de Mont-César na Bélgica, mas devido ao seu estado de saúde regressou ao Porto no dia 3 de Novembro desse ano. Foi-lhe diagnosticada a doença de Pott ou tuberculose vertebral e por isso submeteu-se a tratamentos médicos na cidade invicta.
Começou, nesta altura, um longo calvário de 6 anos, que Frei Bernardo de Vasconcelos suportou com grande resignação, no Hospital da Lapa, no Porto, em Matosinhos e na Falperra (Braga).
Continuou a estudar Teologia no Porto, pois a sua grande aspiração era o sacerdócio. Quando já estava admitido a Ordens Maiores a doença impediu-o de atingir essa meta. Ficou então subdiaconado.
Faleceu em S. João da Foz do Douro, no dia 4 de Julho de 1932, três dias antes de completar 30 anos.
Frei Bernardo de Vasconcelos foi sepultado no cemitério da Foz, sendo, depois, trasladado para o cemitério de Molares, Celorico de Basto, e aí depositado no jazigo do Padre Francisco de Almeida Barreto, o padre que tinha batizado Frei Bernardo e amigo da família. Um ano depois, foi sepultado no interior da igreja paroquial de São Romão do Corgo.



Durante a sua curta vida, Frei Bernardo de Vasconcelos escreveu vários artigos e poesias que foram publicados. Toda a sua obra é, essencialmente, mística e teológica, voltada para o espiritual, para Deus. Publicou As Nossas Festas, A Missa e a Vida Interior, A Vida de S. Bento contada às almas simples. Traduziu também o livro Vida na Paz de D. Idesbald van Houtryve.
Como complemento para a sua biografia, foi publicada Vida de Amor, autobiografia baseada nas suas cartas. Em verso, deixou os Cânticos de Amor e Poesias Dispersas.