sábado, janeiro 21, 2012

CDC na 2ª Divisão Nacional


Foi há 65 anos que o Clube Desportivo Celoricense jogou no
Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão

Este capítulo também faz parte e é o mais importante da história do Clube Desportivo Celoricense.
A equipa alvi-negra de Basto participou na época de 1946/47 no Campeonato Nacional de Futebol da 2ª Divisão.
O C.D.C. tinha um plantel completamente à parte; os atletas, verdadeiros génios, eram todos de Celorico de Basto.
Das crónicas desportivas dessa epopeia destacamos a do jornal Correio do Minho.
“O sorteio do Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão realizou-se no dia 7 de Janeiro de 1947 na sede da Federação Portuguesa de Futebol, presidida pelo Sr. Raul Vieira, secretário-geral daquele organismo.”
“O Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão começará a disputar-se no domingo, 12 de Janeiro de 1947. O respectivo sorteio efectuar-se-á na sede da Federação, na próxima terça-feira, 7 de Janeiro, pelas 21,30 horas.”
A primeira jornada do Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão teve início no domingo, dia 12 de Janeiro de 1947, com a participação de algumas equipas da Associação de Futebol de Braga:

Grupo A – I Série
Celoricense, Mirandela, Sporting C. de Lamego, Flaviense, Vila Real e Flávia.
II Série
Desportivo de Monção, Vianense, Paredes, Leça, Ramaldense e Leixões S.C.
III Série
Sporting C. de Fafe, Avintes, Desportivo da Aves, Salgueiros, Oliveira do Douro e F. C. Gaia.
IV Série
Sporting de Braga, F.C.Infesta, C.D. Candal, Ermesinde, Académico e Gil Vicente F.C.

Equipa do CDC em 1947

Em cima da esquerda para a direita:
Casimiro Carvalho Bastos, Arnaldo Carvalho Bastos, Horácio, Álvaro Oliveira, Rui Dias, Manecas Dias e Amândio Cardoso.
Em baixo:
Abreu, António Dias, Lelo, Toninho da Mota e Albino Freitas.



C. D. Celoricense, 3
S.C. de Mirandela, 1


Recuperamos o relato deste jogo de futebol realizado no dia 26 de Fevereiro de 1947, através do jornal O Correio do Minho.

“Jogaram no passado domingo, no Campo da Cruz, a contar para o Campeonato Nacional da II Divisão, as turmas de honra do Clube Desportivo Celoricense e do Sport Clube de Mirandela.
A vitória coube ao grupo local, que marcha no segundo posto da classificação geral da I Série do Grupo A, com dois pontos de diferença do Sport Clube de Vila Real.
O Clube Desportivo Celoricense alinhou com: Manecas Dias, Casimiro Carvalho Bastos, Horácio, Arnaldo Carvalho Bastos, Álvaro Oliveira, Rui Dias, Abreu, Lelo, António Dias, Toninho da Mota e Albino Freitas.
Arbitrou o Sr. José Proença do Porto.
O jogo teve inicio às 15:10 horas com pouca assistência, essencialmente devido ao mau tempo.
Aos 11 minutos, depois de um passe de Dias em profundidade, Lelo por entre os defesas, marcou o primeiro golo para o Desportivo.
Na segunda parte, aos 4 minutos Abreu marcou o segundo golo. Aos 7 minutos, Mota da equipa visitante, conduziu uma avançada pelo seu lado e centrando com boa conta, proporcionando a Cabeças a marcação do primeiro tento para o seu clube.
Aos 20 minutos, Dias, viu um potente remate bater no poste.
Aos 23 minutos, centrou por alto e Mota, sem deixar bater a bola no solo, fez o terceiro golo de grande efeito.
O jogo foi agradável, embora por vezes a técnica andasse arredada do campo, talvez devido ao lamacento do terreno.
No entanto viram-se jogadas que não ficam atrás das que se vêem nos grandes jogos da Divisão Maior.

O trabalho dos jogadores
Manecas Dias, no pouco que teve que fazer, mostrou-se sempre seguro. O duo defensivo foi muito oportuno nas entradas, batendo sempre bem as bolas e para o melhor sitio. A linha média que, na 1ª parte, falhou um pouco recompôs-se na 2ª parte, sendo boa colaboradora da equipa.
Na linha atacante salienta-se Lelo que, no posto de avançado-centro, mostrou qualidade; Dias a interior também satisfez; Abreu sempre movimentado foi um perigo constante para a baliza adversária. A asa esquerda bastante apagada, talvez por se tratar já de elementos mais cansados.
Dos visitantes todos cumpriram, no entanto, deve salientar-se o guarda-redes, que não foi culpado de nenhum tento sofrido.
O trabalho do árbitro foi facilitado pela correcção dos jogadores de ambos os grupos.”

Transcrevemos do Correio do Minho, edição de 13-03-1947:

Campeonato Nacional da II Divisão:

Grupo A – 8ª Jornada
“Jogou-se no passado domingo a VIII jornada do Campeonato Nacional da II Divisão, na qual os grupos de Braga estiveram em evidência. Jornada a jornada melhor se evidencia o mérito do futebol regional. São inequívocas algumas posições, outras dependem de um pequeno reajustamento. Apenas o Gil Vicente saiu derrotado.

- A melhor marca da VIII jornada foi conseguida pelo Celoricense, que derrotou o Vila Real por 3-0. Este resultado, tão expressivo, não foi apenas uma surpresa mas uma certeza. É necessário contar com a equipa de Celorico de Basto. Não lhe chamaremos revelação nem prodígio. Em futebol, os argumentos decisivos apresentam-se nos noventa minutos regulamentares, traduzindo em golos as situações favoráveis. O Celoricense mostrou-se realizador no ataque e seguro na defesa. A categoria do seu adversário garante mais mérito à sua magnífica vitória. Apenas um ponto o separa na tabela classificativa.
Não importa que os celoricenses venham ou não a ganhar a série, é justo destacar, no entanto, que a sua marcha tem sido ascensional, enquanto que o Vila Real está na descida. Dos quatro pontos que ainda há poucas semanas dividiam as duas equipas resta apenas um.”

Concluiu-se no passado domingo o apuramento por séries do Campeonato Nacional da II Divisão
No grupo A classificaram-se o Sporting de Braga, o Sporting de Fafe, o Leixões e o Vila Real
No grupo A ficaram apurados dois representantes da A.F. de Braga, um de Vila Real e um do Porto. Os dois primeiros defrontar-se-ão num encontro a eliminar e os representantes de Vila Real e do Porto noutro disputado em idênticas circunstâncias. Destes jogos sairão dois clubes, que terão depois, de disputar a supremacia.

Após a última jornada do apuramento da série 1, venceu o Sport Clube de Vila Real, logo seguido do Clube Desportivo Celoricense.
Tarefa fácil para o primeiro e conduta brilhante do segundo, eis os principais factores a evidenciar.
Por esta exposição sumária do que foi o apuramento por séries no grupo A do Campeonato Nacional da II Divisão, pode verificar-se a notável lição da superioridade dada pelo futebol minhoto. Não foi fácil a tarefa, nem insignificante a prova exigida para que, no final, os valores não pudessem ser contestados.


“O representante da A.F. Braga na II Divisão Nacional consolidou-se no segundo lugar. A sua actuação na prova, pelo que representa de tenacidade e até de valor, chamou as atenções dos desportistas e obrigou-nos a reconhecer que é necessário contar com Celorico de Basto no concerto desportivo minhoto.” Pode ler-se no Correio do Minho.


A poule final do Campeonato Nacional da II Divisão Nacional foi entre as equipas: Sporting de Braga, Oliveirense, Unidos do Montijo e Lusitano de Vila Real de S. António.
O Sporting de Braga venceu no último jogo o Onze Unidos do Montijo por 2-0, sagrou-se Campeão Nacional da II Divisão e ascendeu assim à I Divisão com absoluto mérito.
O Clube Desportivo Celoricense na época seguinte de 1947/48 disputou a 1ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Braga.

Jogo particular de encerramento da época

C.D. Celoricense, 5
Boavista F.C., 5


Realizou-se no dia 7 de Julho de 1947 no Campo da Cruz, o desafio entre o Desportivo Celoricense e o Boavista F. Clube, que foi dirigido pelo Sr. José Mendes do Colégio de Braga, para fecho da época.
Os grupos alinharam:
Celoricense – Manecas, Carneiro, Horácio, Arnaldo, Alvarinho, Agostinho (Rui aos 45 m.), Abreu, Dias, Seixas, Lelo e Mota.
Boavista – Carlos, Francisco, Pereira, Raimundo, Serafim, Garcia, José Calado, Armando, A. Calado, C. Calado e Barros.
Os golos do Celoricense foram marcados por: Abreu (2), Seixas, Lelo e Toninho da Mota.


Corpos Gerentes do C. D. Celoricense no ano de 1947

Assembleia-Geral
Presidente – Dr. José Maria de Moura e Silva
Secretário – José Mateus do Amaral
Secretário – Joaquim Narciso Bahia

Direcção
Presidente – José Pedro
Vice-presidente – Manuel Alves Monteiro
Tesoureiro – Mário Fernando Oliveira Matos
Secretário-geral – João Mendes
Secretario Adjunto – Amândio Augusto Cardoso
Vogal – José Cândido Ribeiro da Silva

Conselho Fiscal
Presidente – Manuel Pires Silveira
Relator – Duarte Carvalho Bastos
Vogal – José Fernandes