segunda-feira, outubro 29, 2007

Brasão e Bandeira

Brasão, Selo e Bandeira de Celorico de Basto

A ordenação heráldica do brasão, selo e bandeira do concelho de Celorico de Basto, foi publicada por portaria no Diário do Governo, II Série, número 44, de 24 de Fevereiro de 1948, com despacho do então Ministro do Interior, Dr. Augusto Cancela de Abreu, a solicitação da Câmara Municipal e considerado o parecer da Comissão de Heráldica e Geneologia da Associação dos Arqueólogos Portugueses.

Armas - Escudo de prata com um castelo de negro, entre dois cachos de uvas de púrpura, folhados de verde, contra-chefe ondado de azul e prata de três peças. Coroa mural de prata de quatro torres e por baixo listel branco com os dizeres "CELORICO DE BASTO" em caracteres negros.




Selo - É redondo, com peças de escudo soltas e sem indicação de esmaltes, entre círculos concêntricos, a legenda "Câmara Municipal de Celorico de Basto".

Bandeira - Esquartelada de branco e negro, tendo ao centro o escudo das armas. Haste e lança são douradas, com borlas e cordões de prata e negro.


Bandeira para hastear em edifícios
Estandarte para cerimónias e cortejos











domingo, outubro 07, 2007

Francisco Soares Basto

Francisco Alves Soares Basto era filho de Manuel Joaquim Alves Soares, profissional de jardinagem, casado com Teresa Soares de Jesus, ambos naturais e residentes na freguesia de S. Romão do Corgo, concelho de Celorico de Basto.

Ainda jovem emigrou para o Brasil e como comerciante construiu uma fortuna.
Regressado a Portugal, solteiro, capitalista e proprietário, viveu os seus últimos anos em Fermil de Basto, freguesia de Veade.

Em 27 de Janeiro de 1917, Francisco Alves Soares Basto assistiu à inauguração e ao funcionamento da 16ª missão Escola Móvel Agrícola “Maria Cristina” na Vila de Celorico de Basto, com grande expressão, onde o Dr. Bento de Sousa Carqueja, na sua qualidade de proprietário e director do jornal diário “O Comércio do Porto” e da revista “Lavrador”, esclareceu as vantagens e as conveniências da divulgação do ensino agrícola.

Com estas acções de divulgação da Escola Móvel Agrícola, que tanta repercussão tiveram no país no sector educativo da agricultura, não admira que Soares Basto tenha acentuado mais a sua relação de amizade e admiração por Bento Carqueja, perante a confiança e prestígio atribuídos ao director do jornal, quer pelos seus actos de beneficência, quer pelo seu cargo que desempenhava na vida económica e cultural portuense.
Agradavelmente impressionado com o que se passou nesta cerimónia de abertura, redigiu alguns meses depois, em 5 de Julho de 1917, o seu testamento, nomeando seu testamenteiro o jornal “O Comércio do Porto” do qual publicamos as suas disposições:


TESTAMENTO
Eu, Francisco Alves Soares Basto, solteiro, maior, capitalista e proprietário, morador no lugar de Fermil, freguesia de Veade, da comarca de Celorico de Basto, podendo dispor livremente dos meus bens, faço o meu testamento da forma seguinte: Determino que se cumpram e satisfaçam com a maior exactidão os legados seguintes: 1° - Deixo a cada um dos meus 4 irmãos quinhentos escudos em usufruto, revertendo por morte deles e em plena propriedade e usufruto à Escola de S. Romão do Corgo, sendo esses juros, 100 escudos, para a compra de livros e o mais que for preciso para os meninos. Os meus irmãos são Emília, Senhorinha, Maria e Joaquim. 2° - Deixo o suficiente para montar uma cantina em Fermil para cinquenta ou cem crianças e dar-lhes os competentes livros e o mais que for preciso; também desejava que viesse a água para Fermil que já está comprada pela Câmara no Monte de S. Caetano.
3° - Deixo para o meu enterro, se morrer aqui, o seguinte: não quero ofícios; quero que o padre me tire de casa e me leve à igreja e diga uma missa de corpo presente, acompanhado dos pobres da freguesia que ganharão, o padre 5 escudos e os pobres 50 reis, 5 centavos geral. - Desejo ser enterrado em jazigo perpétuo, só para mim. Deixo um conto de reis, mil escudos, ao "Comércio do Porto", para distribuir por diversas Instituições de Instrução, à vontade dele.
Depois de ver os bens aqui, ou onde estiver, e cumprindo as minhas verbas testamentárias principalmente a 1ª e a 2ª, o meu testamenteiro pode dispor do remanescente dos meus bens como entender, mas sempre pela Instrução. Deixo o meu relógio de ouro de bolso ao meu amigo Serafim M. Pinto de Canedo e o meu anel de brilhante ao Sr. Cunha de Fermil. Nomeio meu testamenteiro, para todos os efeitos, o jornal "O Comércio do Porto", ou os seus representantes, moradores na cidade do Porto, à rua do "Comércio do Porto", 108.


Falecido em Celorico de Basto em 13 de Setembro de 1917, foi aceite a testamentaria, visto o finado não contemplar o testamenteiro com qualquer legado, e tratar-se de disposições de manifesto alcance geral.

Ao dar-se execução à testamentaria, foi movida uma acção judicial para anulação do testamento, tendo-a acompanhado a direcção de “O Comércio do Porto” nas diversas instâncias, até ao Supremo Tribunal de Justiça, cujo acórdão foi proferido a 30 de Julho de 1920.

Da herança resultou 121.511$79 (Cento e vinte e um mil quinhentos e onze escudos e setenta e nove centavos) que em cumprimento da vontade expressa de Soares Basto, resultou:
-Criação do fundo para a Cantina Escolar de Fermil, entregando-se à Câmara Municipal de Celorico de Basto a importância de 34.500$00 em inscrições;
-Canalização da água municipal do Monte de S. Caetano para Fermil, distribuída por dois fontanários que, ainda existem hoje, um no Largo do Barão e outro no Largo Soares Basto (fundo da feira);
-Distribuição de um conto de réis, mil escudos, por diversas instituições de Instrução;
-Com a utilização do valor remanescente, sempre no domínio da educação e da instrução, construiu-se um edifício para uma Escola de Artes e Ofícios na freguesia de Palmaz, concelho de Oliveira de Azeméis (terra natal de Bento Carqueja) o qual importou em 18.694$47 e em homenagem a Francisco Alves Soares Basto, foi-lhe atribuído o seu nome, acto que mereceu a oficialização da mesma após a doação do edifício ao estado.
O Decreto nº 9736 de 28 de Maio de 1924, ordena no seu art. 1º, a criação em Oliveira de Azeméis de uma escola de artes e ofícios, que enquanto não puder ser instalada na sede do Concelho, em edifício que virá a ser doado ao Estado pelo jornal “ O Comércio do Porto “, ficará alojada no edifício construído pelo mesmo jornal na freguesia de Palmaz, doado ao Estado para este fim e ao qual não poderá ser dado outro destino.
No preâmbulo do decreto, refere a benemerência de Soares Basto, registando ainda que na sua origem esteve uma proposta de Nuno Simões, Ministro do Comércio e Comunicações, sob cuja tutela se encontrava a Direcção Geral do Ensino Comercial e Industrial.
Já em 29 de Agosto de 1924, a Portaria nº 4182 na edição do Diário do Governo é publicado “ tendo em atenção que foi a benemérita doação dos bens do falecido capitalista Francisco Alves Soares Basto que permitiu ao jornal Comércio do Porto a construção, em Palmaz, Oliveira de Azeméis, do edifício escolar onde vai ser instalada a escola de carpintaria, serralharia e trabalhos femininos, que deverá ter a sua sede naquela vila quando ali for construído edifício próprio pelo mesmo jornal, manda o Governo da República, que a escola se denomine Escola de Artes e Ofícios de Soares Basto”.
Actualmente, e desde 1998, a designação é de Escola Secundária Soares Basto.

Francisco Alves Soares Basto foi um grande benemérito, a sua memória merece ser sempre recordada para que as novas gerações não esqueçam os benefícios que legou , nomeadamente a Fermil de Basto.
E apesar do Largo do fundo da Feira ser conhecido, por alguns, como o Largo Soares Basto, urge, mesmo depois de 90 anos passados sobre a sua morte promover um acto público, não deixando cair no esquecimento e assim perpetuar o nome do Celoricense Soares Basto.