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Ainda jovem emigrou para o Brasil e como comerciante construiu uma fortuna.
Regressado a Portugal, solteiro, capitalista e proprietário, viveu os seus últimos anos em Fermil de Basto, freguesia de Veade.
Em 27 de Janeiro de 1917, Francisco Alves Soares Basto assistiu à inauguração e ao funcionamento da 16ª missão Escola Móvel Agrícola “Maria Cristina” na Vila de Celorico de Basto, com grande expressão, onde o Dr. Bento de Sousa Carqueja, na sua qualidade de proprietário e director do jornal diário “O Comércio do Porto” e da revista “Lavrador”, esclareceu as vantagens e as conveniências da divulgação do ensino agrícola.
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Agradavelmente impressionado com o que se passou nesta cerimónia de abertura, redigiu alguns meses depois, em 5 de Julho de 1917, o seu testamento, nomeando seu testamenteiro o jornal “O Comércio do Porto” do qual publicamos as suas disposições:
TESTAMENTO
Eu, Francisco Alves Soares Basto, solteiro, maior, capitalista e proprietário, morador no lugar de Fermil, freguesia de Veade, da comarca de Celorico de Basto, podendo dispor livremente dos meus bens, faço o meu testamento da forma seguinte: Determino que se cumpram e satisfaçam com a maior exactidão os legados seguintes: 1° - Deixo a cada um dos meus 4 irmãos quinhentos escudos em usufruto, revertendo por morte deles e em plena propriedade e usufruto à Escola de S. Romão do Corgo, sendo esses juros, 100 escudos, para a compra de livros e o mais que for preciso para os meninos. Os meus irmãos são Emília, Senhorinha, Maria e Joaquim. 2° - Deixo o suficiente para montar uma cantina em Fermil para cinquenta ou cem crianças e dar-lhes os competentes livros e o mais que for preciso; também desejava que viesse a água para Fermil que já está comprada pela Câmara no Monte de S. Caetano.
3° - Deixo para o meu enterro, se morrer aqui, o seguinte: não quero ofícios; quero que o padre me tire de casa e me leve à igreja e diga uma missa de corpo presente, acompanhado dos pobres da freguesia que ganharão, o padre 5 escudos e os pobres 50 reis, 5 centavos geral. - Desejo ser enterrado em jazigo perpétuo, só para mim. Deixo um conto de reis, mil escudos, ao "Comércio do Porto", para distribuir por diversas Instituições de Instrução, à vontade dele. Depois de ver os bens aqui, ou onde estiver, e cumprindo as minhas verbas testamentárias principalmente a 1ª e a 2ª, o meu testamenteiro pode dispor do remanescente dos meus bens como entender, mas sempre pela Instrução. Deixo o meu relógio de ouro de bolso ao meu amigo Serafim M. Pinto de Canedo e o meu anel de brilhante ao Sr. Cunha de Fermil. Nomeio meu testamenteiro, para todos os efeitos, o jornal "O Comércio do Porto", ou os seus representantes, moradores na cidade do Porto, à rua do "Comércio do Porto", 108.
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Ao dar-se execução à testamentaria, foi movida uma acção judicial para anulação do testamento, tendo-a acompanhado a direcção de “O Comércio do Porto” nas diversas instâncias, até ao Supremo Tribunal de Justiça, cujo acórdão foi proferido a 30 de Julho de 1920.
Da herança resultou 121.511$79 (Cento e vinte e um mil quinhentos e onze escudos e setenta e nove centavos) que em cumprimento da vontade expressa de Soares Basto, resultou:
-Criação do fundo para a Cantina Escolar de Fermil, entregando-se à Câmara Municipal de Celorico de Basto a importância de 34.500$00 em inscrições;
-Canalização da água municipal do Monte de S. Caetano para Fermil, distribuída por dois fontanários que, ainda existem hoje, um no Largo do Barão e outro no Largo Soares Basto (fundo da feira);
-Distribuição de um conto de réis, mil escudos, por diversas instituições de Instrução;
-Com a utilização do valor remanescente, sempre no domínio da educação e da instrução, construiu-se um edifício para uma Escola de Artes e Ofícios na freguesia de Palmaz, concelho de Oliveira de Azeméis (terra natal de Bento Carqueja) o qual importou em 18.694$47 e em homenagem a Francisco Alves Soares Basto, foi-lhe atribuído o seu nome, acto que mereceu a oficialização da mesma após a doação do edifício ao estado.
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No preâmbulo do decreto, refere a benemerência de Soares Basto, registando ainda que na sua origem esteve uma proposta de Nuno Simões, Ministro do Comércio e Comunicações, sob cuja tutela se encontrava a Direcção Geral do Ensino Comercial e Industrial.
Já em 29 de Agosto de 1924, a Portaria nº 4182 na edição do Diário do Governo é publicado “ tendo em atenção que foi a benemérita doação dos bens do falecido capitalista Francisco Alves Soares Basto que permitiu ao jornal Comércio do Porto a construção, em Palmaz, Oliveira de Azeméis, do edifício escolar onde vai ser instalada a escola de carpintaria, serralharia e trabalhos femininos, que deverá ter a sua sede naquela vila quando ali for construído edifício próprio pelo mesmo jornal, manda o Governo da República, que a escola se denomine Escola de Artes e Ofícios de Soares Basto”.
Actualmente, e desde 1998, a designação é de Escola Secundária Soares Basto.
Francisco Alves Soares Basto foi um grande benemérito, a sua memória merece ser sempre recordada para que as novas gerações não esqueçam os benefícios que legou , nomeadamente a Fermil de Basto.
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